Hoje, 17 de maio de 2020, já sou mãe de duas crianças lindas e difíceis, e faz hoje dois meses que estamos todos em casa enfrentando um quarentena que parece longe de acabar. E nesses últimos dias, semanas, talvez meses, Charleston não me sai da mente. Cheiros, sensações, músicas, o friozinho de outono em Jundiaí, várias pequenas coisas me levam de volta há 7 anos, em infinitos flashbacks da minha vida lá. Me sinto literalmente transportada como numa viagem no tempo no qual apenas assisto há um filme desbotado da minha própria vida.
Quando esses flashes começaram foi muito difícil de suportar. Um sentimento nostálgico me consumiu por inteiro e ficou quase insuportável viver o presente de lavar louça, roupa, limpar a casa, separar briga das crianças, arrumar bagunça, secar o chão do banheiro 10 vezes por dia, limpar bunda de criança, fazer almoço, janta e ser interrompida em tudo isso mil vezes por dia com um "MAMÃÃÃE!" sempre impaciente e insistente. Agora que a TPM passou e a irritação e sentimentalismo foram juntos com ela já está mais fácil de suportar. Consigo até ficar feliz de poder lembrar momentos tão felizes e marcantes da minha vida. Mas tenho altos e baixos. E como estou no alto hoje vou começar a tomar alguma atitude que me impeça de cair de novo no fundo da minha depressão, vou começar a escrever os flashbacks aqui.
Relembrar é viver, pois então vamos viver aqui já que lá fora o COVID-19 nos espera para dar o bote a qualquer momento.
